A psicologia social é um campo da psicologia
que tem como objeto de estudo a sociedade, o estudo dos fenômenos presentes na
relação indivíduo-sociedade. Na primeira hipótese, há uma dicotomia entre o
indivíduo e a sociedade, considera-se a subjetividade e a objetividade como
coisas separadas.
Para as teorias dicotômicas, o ser humano
existe mesmo se não houver sociedade, a alma do indivíduo constituiria parte
subalterna da alma do povo; estuda os principais conceitos: percepção social,
comunicação, atitudes, mudança de atitudes, papéis sociais, representação do
eu, grupos sociais e socialização. Tal psicologia desenvolve-se acolhendo a
visão sociológica e a psicológica.
Através da visão sociológica, a psicologia social
afirma a influência da exterioridade sobre o indivíduo, a subjetividade e a
conduta dos homens estão submetidas ao mundo exterior de modo mecânico, reconhecendo
a sociedade como um complexo de posições sociais, este por sua vez, torna-se
para o indivíduo um modelo, o chamado papel descrito.
Todos os comportamentos manifestados em
encontros são denominados na psicologia social de papel desempenhado. Tais
comportamentos podem estar ou não de acordo com o papel descrito pela
sociedade. Os papéis sociais permitem compreender a ocorrência social,
pois são modelos para o reconhecimento do outro, ao mesmo tempo em que são
modelos para o próprio comportamento do indivíduo. Por exemplo, uma pessoa que
é estudante de direito, sabe como se comportar em um encontro social, porque
aprendeu no percurso de sua socialização o que está prescrito para os ocupantes
dessa posição. Aprender os papéis sociais, nada mais é, do que nos
adaptarmos às diferentes situações sociais, é como aprender o conjunto de
regras que a sociedade na qual vivemos criou.
De acordo com a teoria de Goffman (1959), as
pessoas sempre querem causar determinada impressão nos outros, buscando demonstrar
ser uma determinada espécie de pessoa, o que na realidade não são, utilizando
artifícios disponibilizados na cultura para atingir esse interesse. Percebe-se
assim, o chamado controle social, uma forma de adaptar os indivíduos em
determinada sociedade, estes coagidos para que se comportem conforme as normas
sociais.
A visão psicológica ou
Teoria Cognitivista, afirmou que a pressão social, os papéis e as expectativas
não terão nenhuma influência sobre os indivíduos se eles não a perceberem; quebra
o domínio da exterioridade, enfatizando a cognição, que é a organização
estruturada e significativa que o sujeito faz a partir de suas percepções e das
influências que recebe do meio.
A percepção social consiste
no que percebemos do mundo, através da recepção do estímulo pelos órgãos dos
sentidos até a atribuição de significado. O comportamento acontecerá a partir
do que sentimos, pensamos, percebemos, interpretamos no mundo, na sociedade.
Por exemplo, uma impressão de alguém obtida por meio de sua aparência.
A comunicação não é somente
uma forma verbal, nos comunicamos utilizando expressões faciais, gestos,
desenhos e sinais. Ela envolve a codificação e a decodificação; a codificação é
a emissão de códigos, já a decodificação é a compreensão desses códigos que
foram emitidos. Por exemplo, em um telefonema, a mensagem codificada pelo
emissor através do telefone, será decodificada pelo receptor.
A partir da percepção
social, desenvolvem-se as atitudes, negativas ou positivas. A atitude positiva
se dá quando há uma ação boa, o oposto ocorre na negativa, em que o
comportamento não adquire o efeito desejado. Por exemplo, se formos bem
recebidos em um restaurante, voltaremos ao local; se não, não voltaremos.
Nossas
atitudes podem ser modificadas a partir de novas
formações, novos afetos ou outros comportamentos ou situações. Mudamos nossas atitudes quando somos
obrigados a nos comportar em desacordo com ela. Para evitar uma tensão constante é necessário descobrir
aspectos positivos nas pessoas que
permitam uma aproximação e uma mudança de atitude positiva.
As atitudes são importantes porque
norteiam nosso comportamento de forma que podemos compreender e atribuir
significados e responder um ao
outro na projeção psicológica. O indivíduo se torna membro de determinado grupo social através da socialização, pois se apropria dos conhecimentos já sistematizados
e acumulados por esse conjunto.
Os grupos sociais são conjuntos de indivíduos
que, com objetivos comuns, desenvolvem ações na direção desses objetivos. Essa organização é
garantida pelas normas que são formas de pressionar seus integrantes para que
se organizem cooperativamente. A psicologia
social dedicou grande parte de seus estudos a compreensão desses processos
grupais.
A nova psicologia social diz que o indivíduo
e a sociedade fazem parte do mesmo âmbito, de um mesmo processo e que eles se
constituem reciprocamente. Ela toma a relação indivíduo-sociedade como básica,
mas toma como objeto de estudo a grandeza subjetiva dos fenômenos sociais, ou
seja, como as pessoas interpretam os fatos sociais. Através dessas
perspectivas, reconhece-se que o indivíduo atua sobre o mundo, transformando-o,
e ao provocar esta transformação no mundo, transforma a si mesmo.
O homem como ser social,
como um ser de relações sociais, está em permanente movimento. O mundo objetivo
passa a ser visto não como fator de influência para o desenvolvimento da
subjetividade, mas como fator constitutivo, buscando compreender exatamente a
realidade da subjetividade na vida, que é coletiva; abordando conceitos básicos
de análise: a atividade, a consciência e a identidade, que são as propriedades
ou características essenciais dos homens e expressam o movimento.
A psicologia sócio-histórica visa estabelecer
um acompanhamento dos contínuos movimentos dos seres humanos, e
concomitantemente, as mudanças que eles provocam no ambiente social o qual
fazem parte. As mudanças são minuciosamente analisadas por meio dos aspectos
sociais e históricos, onde se observa a atividade, a consciência, a identidade,
os sentidos e os significados.
A
atividade é de suma relevância, pois é parte constituinte na formação do
indivíduo como um sujeito material, é o alicerce do conhecimento e do
pensamento. Ela proporciona a apropriação do mundo, pois o que se encontra na
esfera exterior, passará a fazer parte da esfera interior, de modo que as
esferas mencionadas serão interdependentes, ou seja, o indivíduo constitui o
seu mundo intrínseco na medida em que age e modifica o seu mundo extrínseco.
A consciência humana exprime o modo como o
ser humano se relaciona com o mundo externo, em que ele expressa as emoções, os
desejos e os sentimentos. O seu aprimoramento se dá através do trabalho, da
vida social e da linguagem, objetivando a compreensão do mundo, dos outros e de
si mesmo dentro das relações sociais. A consciência é veiculada para o mundo
objetivo por meio das representações sociais, onde os titulares da mesma
transmitem suas ideias, suas concepções, os seus sentidos pessoais acerca dos
significados sociais. Tais ideias são embasadas nas crenças, nos valores, nas
imagens, em tudo o que foi construído durante o convívio na sociedade.
Pelo fato da consciência estar sempre em
constante movimento, a identidade também não é estática, está continuamente
sofrendo modificações, pois a cada dia o ser humano adquire novas ideias, novos
sentimentos, novos pensamentos, desenvolvendo o conceito que tem sobre si
mesmo, estabelecendo um novo olhar sobre si mesmo e expressando o olhar que os
outros irão ter por meio da representação.
A
identidade inclui não apenas os caracteres físicos, mas também a trajetória
pessoal, os atributos dados por outrem, pois se trata de uma síntese pessoal
sobre si mesmo. A identidade singulariza cada ser, compreendendo as projeções
imprescindíveis ao processo de mudança contínuo, um processo não de definição
do “eu”, mas do “estar sendo” no mundo.
O sentido é um aspecto fundamental da
subjetividade, emerge da consciência; é ele que marca a transição da psique
natural para a psique histórico-social. O sentido integra a dimensão subjetiva
à objetiva, integrando assim, o indivíduo à sociedade em um mesmo processo.
Os significados são inerentes à objetividade,
por isso são duradouros, diferentemente dos sentidos. Eles são possibilitados
pelos sentidos, pois fazem parte deles; são os “sentidos” coletivos obtidos na
interação social, na coletividade.
A psicologia social se interessa pelo estudo
dos fenômenos sociais, dando ênfase aos problemas psicológicos causados pelos
fenômenos que não são favoráveis à condição humana, como a miséria, a pobreza,
a desigualdade, etc. Por exemplo, na adoção de uma criança feita por um casal
homoafetivo, haverá muito preconceito por parte da sociedade conservadora, o
que desencadeará problemas para os pais, mas principalmente para a criança,
afetando o seu desenvolvimento psicológico e social.
O sofrimento ético-político e a humilhação
social são conceitos que são analisados pela psicologia social, pois são
referentes a situações de desigualdade e de exclusão. Cabe à psicologia através
da observação, verificar os motivos pelos quais isso acontece e obter meios
para que os sujeitos integrantes dessas situações possam se restituir e viver
de fato como seres sociais.
Legam, Ana!! Gostei muito. Parabéns! Seja bem vinda ao mundo dos blogueiros!
ResponderExcluirObrigada!!! Que bom que você gostou... Obrigada pela recepção! ;)
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