Seguidores

domingo, 2 de fevereiro de 2014

A Psicologia Social

A psicologia social é um campo da psicologia que tem como objeto de estudo a sociedade, o estudo dos fenômenos presentes na relação indivíduo-sociedade. Na primeira hipótese, há uma dicotomia entre o indivíduo e a sociedade, considera-se a subjetividade e a objetividade como coisas separadas.
Para as teorias dicotômicas, o ser humano existe mesmo se não houver sociedade, a alma do indivíduo constituiria parte subalterna da alma do povo; estuda os principais conceitos: percepção social, comunicação, atitudes, mudança de atitudes, papéis sociais, representação do eu, grupos sociais e socialização. Tal psicologia desenvolve-se acolhendo a visão sociológica e a psicológica.
         Através da visão sociológica, a psicologia social afirma a influência da exterioridade sobre o indivíduo, a subjetividade e a conduta dos homens estão submetidas ao mundo exterior de modo mecânico, reconhecendo a sociedade como um complexo de posições sociais, este por sua vez, torna-se para o indivíduo um modelo, o chamado papel descrito.
  Todos os comportamentos manifestados em encontros são denominados na psicologia social de papel desempenhado. Tais comportamentos podem estar ou não de acordo com o papel descrito pela sociedade. Os papéis sociais permitem compreender a ocorrência social, pois são modelos para o reconhecimento do outro, ao mesmo tempo em que são modelos para o próprio comportamento do indivíduo. Por exemplo, uma pessoa que é estudante de direito, sabe como se comportar em um encontro social, porque aprendeu no percurso de sua socialização o que está prescrito para os ocupantes dessa posição.  Aprender os papéis sociais, nada mais é, do que nos adaptarmos às diferentes situações sociais, é como aprender o conjunto de regras que a sociedade na qual vivemos criou. 
 De acordo com a teoria de Goffman (1959), as pessoas sempre querem causar determinada impressão nos outros, buscando demonstrar ser uma determinada espécie de pessoa, o que na realidade não são, utilizando artifícios disponibilizados na cultura para atingir esse interesse. Percebe-se assim, o chamado controle social, uma forma de adaptar os indivíduos em determinada sociedade, estes coagidos para que se comportem conforme as normas sociais.
A visão psicológica ou Teoria Cognitivista, afirmou que a pressão social, os papéis e as expectativas não terão nenhuma influência sobre os indivíduos se eles não a perceberem; quebra o domínio da exterioridade, enfatizando a cognição, que é a organização estruturada e significativa que o sujeito faz a partir de suas percepções e das influências que recebe do meio.
A percepção social consiste no que percebemos do mundo, através da recepção do estímulo pelos órgãos dos sentidos até a atribuição de significado. O comportamento acontecerá a partir do que sentimos, pensamos, percebemos, interpretamos no mundo, na sociedade. Por exemplo, uma impressão de alguém obtida por meio de sua aparência.
A comunicação não é somente uma forma verbal, nos comunicamos utilizando expressões faciais, gestos, desenhos e sinais. Ela envolve a codificação e a decodificação; a codificação é a emissão de códigos, já a decodificação é a compreensão desses códigos que foram emitidos. Por exemplo, em um telefonema, a mensagem codificada pelo emissor através do telefone, será decodificada pelo receptor.
A partir da percepção social, desenvolvem-se as atitudes, negativas ou positivas. A atitude positiva se dá quando há uma ação boa, o oposto ocorre na negativa, em que o comportamento não adquire o efeito desejado. Por exemplo, se formos bem recebidos em um restaurante, voltaremos ao local; se não, não voltaremos.
Nossas atitudes podem ser modificadas a partir de novas formações, novos afetos ou outros comportamentos ou situações. Mudamos nossas atitudes quando somos obrigados a nos comportar em desacordo com ela. Para evitar uma tensão constante é necessário descobrir aspectos positivos nas pessoas que permitam uma aproximação e uma mudança de atitude positiva.
As atitudes são importantes porque norteiam nosso comportamento de forma que podemos compreender e atribuir significados e responder um ao outro na projeção psicológica. O indivíduo se torna membro de determinado grupo social através da socialização, pois se apropria dos conhecimentos já sistematizados e acumulados por esse conjunto.
Os grupos sociais são conjuntos de indivíduos que, com objetivos comuns, desenvolvem ações na direção desses objetivos. Essa organização é garantida pelas normas que são formas de pressionar seus integrantes para que se organizem cooperativamente. A psicologia social dedicou grande parte de seus estudos a compreensão desses processos grupais.
  A nova psicologia social diz que o indivíduo e a sociedade fazem parte do mesmo âmbito, de um mesmo processo e que eles se constituem reciprocamente. Ela toma a relação indivíduo-sociedade como básica, mas toma como objeto de estudo a grandeza subjetiva dos fenômenos sociais, ou seja, como as pessoas interpretam os fatos sociais. Através dessas perspectivas, reconhece-se que o indivíduo atua sobre o mundo, transformando-o, e ao provocar esta transformação no mundo, transforma a si mesmo. 
O homem como ser social, como um ser de relações sociais, está em permanente movimento. O mundo objetivo passa a ser visto não como fator de influência para o desenvolvimento da subjetividade, mas como fator constitutivo, buscando compreender exatamente a realidade da subjetividade na vida, que é coletiva; abordando conceitos básicos de análise: a atividade, a consciência e a identidade, que são as propriedades ou características essenciais dos homens e expressam o movimento.
A psicologia sócio-histórica visa estabelecer um acompanhamento dos contínuos movimentos dos seres humanos, e concomitantemente, as mudanças que eles provocam no ambiente social o qual fazem parte. As mudanças são minuciosamente analisadas por meio dos aspectos sociais e históricos, onde se observa a atividade, a consciência, a identidade, os sentidos e os significados.
 A atividade é de suma relevância, pois é parte constituinte na formação do indivíduo como um sujeito material, é o alicerce do conhecimento e do pensamento. Ela proporciona a apropriação do mundo, pois o que se encontra na esfera exterior, passará a fazer parte da esfera interior, de modo que as esferas mencionadas serão interdependentes, ou seja, o indivíduo constitui o seu mundo intrínseco na medida em que age e modifica o seu mundo extrínseco.
A consciência humana exprime o modo como o ser humano se relaciona com o mundo externo, em que ele expressa as emoções, os desejos e os sentimentos. O seu aprimoramento se dá através do trabalho, da vida social e da linguagem, objetivando a compreensão do mundo, dos outros e de si mesmo dentro das relações sociais. A consciência é veiculada para o mundo objetivo por meio das representações sociais, onde os titulares da mesma transmitem suas ideias, suas concepções, os seus sentidos pessoais acerca dos significados sociais. Tais ideias são embasadas nas crenças, nos valores, nas imagens, em tudo o que foi construído durante o convívio na sociedade.
Pelo fato da consciência estar sempre em constante movimento, a identidade também não é estática, está continuamente sofrendo modificações, pois a cada dia o ser humano adquire novas ideias, novos sentimentos, novos pensamentos, desenvolvendo o conceito que tem sobre si mesmo, estabelecendo um novo olhar sobre si mesmo e expressando o olhar que os outros irão ter por meio da representação.
 A identidade inclui não apenas os caracteres físicos, mas também a trajetória pessoal, os atributos dados por outrem, pois se trata de uma síntese pessoal sobre si mesmo. A identidade singulariza cada ser, compreendendo as projeções imprescindíveis ao processo de mudança contínuo, um processo não de definição do “eu”, mas do “estar sendo” no mundo.
O sentido é um aspecto fundamental da subjetividade, emerge da consciência; é ele que marca a transição da psique natural para a psique histórico-social. O sentido integra a dimensão subjetiva à objetiva, integrando assim, o indivíduo à sociedade em um mesmo processo.
Os significados são inerentes à objetividade, por isso são duradouros, diferentemente dos sentidos. Eles são possibilitados pelos sentidos, pois fazem parte deles; são os “sentidos” coletivos obtidos na interação social, na coletividade.
A psicologia social se interessa pelo estudo dos fenômenos sociais, dando ênfase aos problemas psicológicos causados pelos fenômenos que não são favoráveis à condição humana, como a miséria, a pobreza, a desigualdade, etc. Por exemplo, na adoção de uma criança feita por um casal homoafetivo, haverá muito preconceito por parte da sociedade conservadora, o que desencadeará problemas para os pais, mas principalmente para a criança, afetando o seu desenvolvimento psicológico e social.
O sofrimento ético-político e a humilhação social são conceitos que são analisados pela psicologia social, pois são referentes a situações de desigualdade e de exclusão. Cabe à psicologia através da observação, verificar os motivos pelos quais isso acontece e obter meios para que os sujeitos integrantes dessas situações possam se restituir e viver de fato como seres sociais.


3 comentários:

  1. Legam, Ana!! Gostei muito. Parabéns! Seja bem vinda ao mundo dos blogueiros!

    ResponderExcluir
  2. Obrigada!!! Que bom que você gostou... Obrigada pela recepção! ;)

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir