Na análise de um texto narrativo, vê-se como necessário
ter um bom conhecimento acerca dos componentes essenciais que dele faz parte e
de suas características intrínsecas, para que se possa compreender de fato a
estrutura do mundo ficcional. O conjunto de componentes compreende o enredo,
personagem, espaço, tempo e foco narrativo.
O livro “A morte em Veneza”, trata-se de uma
narrativa mista, pois há uma intercalação dos relatos do narrador com os
diálogos, aspecto referente ao drama. Há a presença de duas técnicas
narrativas, o showing, em que o leitor
vê a cena como se estivesse acontecendo no momento, com detalhes de espaço,
tempo, personagem e ação; e também o telling,
em que o relato é apresentado por meio de um sumário narrativo, um resumo geral
feito pelo narrador em que o mesmo se distancia do tempo e do espaço inerentes
aos fatos.
A
narrativa é do tipo descritivo; através da descrição de características de
objetos, lugares, seres e situações, o leitor tem uma visão dos aspectos
extrínsecos e intrínsecos, revelando traços morais e psicológicos das personagens. Percebe-se que a personagem principal, Von Aschenbach, trata-se de um homem de
meia idade, doente e perturbado, com uma paixão platônica por um garoto polonês
que estava de férias com a família e passa a viver em função dessa paixão, vive
para admirar a beleza do jovem, que posteriormente, passa a corresponder aos
olhares do escritor.
O
enredo é o resultado da união do discurso que se narra com a história que é
narrada; inicia-se com a apresentação dos cenários, das personagens e das circunstâncias dos acontecimentos, seguido de
todo o desenrolar dos fatos, culminando com o desfecho: a morte de Von
Aschenbach, em Veneza.
Tem um
personagem principal, Von Aschenbach que é uma personagem complexa esférica,
pois transmite suas impressões de profundidade, demonstrando que não é previsível e que reproduz a dimensão
psicológica da pessoa humana, real.
Os
acontecimentos acontecem em um espaço urbano, em Veneza, Itália, em meio às
paisagens da bela cidade, ao mau cheiro, aos passeios em gôndolas e na praia. O ambiente
psicológico é refletido nas atitudes e nos pensamentos das personagens, no caso
de Von Aschenbach, ele comete ações e possui pensamentos que não são normais
para um homem da época em que se passa a história.
O narrador
é heterodiegético, está em terceira pessoa, não faz parte do mundo que está
sendo narrado, narrando de modo objetivo e impessoal,
limitando-se apenas ao ato de narrar, sem acrescentar suas opiniões, percepções
e sentimentos. O narratário é o próprio leitor, a pessoa que irá receber a
narrativa.
O
discurso é direto, pois as falas das personagens são transcritas do mesmo modo
que são faladas. Há uma focalização interna da personagem principal, mostrando as visões, sentimentos e percepções, contrapondo-se
a uma focalização externa das outras personagens que acompanham o enredo; há
também uma focalização onisciente do narrador, pois ele tudo sabe, tudo vê.
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